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Pretendo caro leitor compartilhar aqui alguns passatempos e reflexões que se apoderam nessa peregrinação de nossa temporalidade. Seja sobre Deus; seja sobre o homem; seja sobre a poesia e as artes; ou mesmo sobre meras bobagens. Desejando que não sejam meras palavras (flatus vocis), mas que tais palavras de certa forma adentrem além da superfície dos seus olhos e quem sabe chegar a sua alma.

A vós poetas e artistas, pensadores e leigos, sintam-se a vontade esse espaço é vosso também.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

"...poeticamente o homem habita" ~ Hölderlin

“... poeticamente o homem habita” ~ Hölderlin (citação do filósofo Martin Heidegger)

A questão concretizada na expressão do poeta é de certo rica e muito significativa. Rica pela possibilidade de pensar poesia – homem e o homem – habitar – poeticamente. Temos um contraste em nossos dias, não um contraste exatamente, talvez uma nuance, ou véu que desceu sobre o pensamento do homem contemporâneo. Este véu é constatação da objetivação de cada um de nós, isto é, tornamo-nos coisa, deixamos de ser quem somos, estamos envoltos na sacralidade de nossas meras rotinas.

Ao dizer poesia, o poeta alerta-nos de algo muito profundo, um presente dos deuses, um enunciado particular e peculiar que alicerça o homem, situa-o, o diz pertencente a algum lugar, este lugar é ela mesma a poesia. O que se compreende poesia, na certeza dos devaneios do homem do século presente, faz-se notório que poesia é algo para artistas, ou mesmo algo perdido em algum lugar. Estamos errados quanto a isso, afinal quem está perdido é o homem, tentando se agarrar em algum lugar que lhe devolva algo que se perdeu, o si mesmo.

O poeta convoca, nos convoca ao evocar habitar. O mundo é mais do que pedras, portas, parafusos; o mundo é mais do que trabalho, labuta e concreto. O mundo é habitado, a poesia está aí no mundo, a poesia é a habitação do mundo e do homem. Mas o poeta fala de sua poesia, “...poeticamente o homem habita”, o poeta disse de sua poesia. Quanto ao lugar dessa poesia, quem preparou essa habitação não foi o próprio poeta, mas o poeta também não deixa claro quem o fizera. Penso o seguinte, para uma poesia, um poeta... ao mundo o homem habita, na constituição da habitação está a própria poesia, logo Algo maior poetizou a poesia que faz o homem habitar.

Para finalizar quero trazer os versos de uma canção que também é poesia e diz “é Deus quem te faz entender toda poesia” ~ Rosa de Saron (Sol da meia-noite). Nessa construção entre poesia – homem – habitação. Penso que poeticamente o homem habita na poesia do poeta que criou a habitação, sendo o homem parte da poesia, logo oriundo deste mesmo poeta o homem se fez presença ao poeticamente habitar e só neste poderá habitar em verdade...

Por: Danilo Reis