Bem-Vindo - Welcome - Bienvenido - Bienvenue - Benvenuti - Willkommen

Pretendo caro leitor compartilhar aqui alguns passatempos e reflexões que se apoderam nessa peregrinação de nossa temporalidade. Seja sobre Deus; seja sobre o homem; seja sobre a poesia e as artes; ou mesmo sobre meras bobagens. Desejando que não sejam meras palavras (flatus vocis), mas que tais palavras de certa forma adentrem além da superfície dos seus olhos e quem sabe chegar a sua alma.

A vós poetas e artistas, pensadores e leigos, sintam-se a vontade esse espaço é vosso também.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Tempo de Certeza!

 Neste Natal o que pude pensar foi em supostas certezas. Ao menos assim caminhava José que logo se casaria com uma jovem israelita de nome Maria. Ele tinha planos seus, projetos, sonhos, de futuro marido e chefe de uma família; planos para sua vida profissional e sustento de seu lar. Talvez uma viagem em tempos festivos para levar a esposa e as crianças para ver os avós ou irem ao litoral. Ela, Maria, sendo mui nova, com certeza almejava muitas coisas em sua vida, ainda que o papel feminino naquela época como mulher casada não fosse dos mais empolgantes, porém, como todo jovem espírito, ela deveria ter sonhos que lhe empolgavam.

            Planos, projetos, sonhos, tudo isso é parte de cada um de nós que de alguma maneira tende a pensar além do aqui e agora. Não existe erro em sermos assim, mas vez ou outra somos postos diante de uma realidade que não condiz com o que almejávamos. Sonhos desmoronados, projetos estilhaçados, certezas desfeitas. Assim aconteceu com o casal de Nazaré. José, homem justo (Mateus 1:20) recebe a notícia de que sua futura esposa estaria grávida... imagino a reação de José ao saber dessa notícia. Surpresa? Aflição? Raiva? Tristeza profunda? Tanta coisa deve ter passado pela cabeça dele, mas ainda assim achou-se virtude nele para não expor Maria. E ela, grávida miraculosamente ainda sem muito entendimento do que lhe acontecera. Ambos perdidos, cada um a seu modo. Os sonhos já não mais poderiam ser como eles esperavam; projetos e perspectivas ganharam tons cinzas de um mundo que não poderia ser projetado como eles imaginavam. O que isso nos diz? Não temos pleno controle de nosso futuro e nem das coisas que nos rodeiam. As incertezas da vida são mais certas do que as meras certezas que palpitam em nossos corações. Entretanto, Deus não desampararia seus filhos confusos, pelo contrário, enviou de si um mensageiro para explicar, confortar e animar o casal desnorteado (Mateus 1:20-23). Deus trouxe a mensagem de boas novas em meio aquele turbilhão de medo que a incerteza tende a nos afogar.

            Neste Natal quero refletir convosco sobre a vida de incertezas que vivemos, mas não como enfoque de que incertos viveremos, ao contrário, quero dizer sobre a própria essência natalina: nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor (Lucas 2:11). Nasceu e nos envolveu na certeza de que nunca mais estaríamos só neste mundo. Nascido, fez nascer em nós a comunhão com aquele que imutável é, permanecendo conosco mesmo quando o mundo ao nosso redor desaba. Nascendo, trouxe consigo a paz que sobressai o medo porque é o Amor feito carne, e o amor afugenta o medo (1 João 4:18). Nele, saltamos no escuro que é viver o amanhã, confiantes de que estamos seguros.

Por: Danilo Reis

sábado, 25 de dezembro de 2021

Grandeza e riqueza no Reino dos Céus (O Natal)

É comum a teologia predominante na Igreja evangélica brasileira comunicar que cada um "tem um grande propósito" e que "Deus tem algo muito grande na sua vida." Pode ser que alguns dos que ouvem essas coisas façam algo grande, porém não é uma regra. Essa máxima do "sucesso" ser grandioso é desajustada.


Nesse Natal que chega, me vejo mais uma vez olhando para o símbolo maior, a Manjedoura. Deus feito homem. Encarnado em um menino, despido de glória e nascido em uma família sem muito a oferecer. Maria e José foram escolhidos para algo grande, souberam disso pela boca dum anjo, mas a grandeza não veio com o sucesso que se espera obter, de acordo com muitas pregações explanadas por aí. O sucesso do Reino dos Céus é mais o que nos tornamos com o "Menino Deus" que acolhemos, do que o "Rei" que muitos aguardavam. Outro bom exemplo de que a grandeza para o Reino dos Céus não necessariamente igual ao proposto no Mundo são os pastores que foram ver o casal e Emanuel (Deus conosco). Sua maior obra foi visitar e servir uma família desamparada, onde puderam ver com os próprios olhos o Senhor da Criação. (Lucas 2:15-16)


Deus é grande, não carece de feitos grandiosos individuais. O banal, o simples, o ordinário é parte da vida. Importa fazer com graça, consciente e sem cobrar de Deus ou de si esses mantras de sucesso. O que é grande e o que é sucesso para ele? A mensagem natalina sempre pode nos ensinar e lembrar.


Por Danilo Reis 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

A importância da filosofia para o homem político e social do século XXI

A palavra sociedade é de comum entendimento. Porém, ao pensarmos ela, precisamos compreender que falamos de instituições, precisamos entender que falamos de constituição de normas, regras, valores, e mesmo de convivência.

    O homem do século XXI vive uma conjuntura social plural, diversificada e fluída. Plural porque é, além de globalizada, é composta por diferentes perspectivas de vida social, que pode e contém semelhanças, mas não deixam de ter diferenças. É diversificada porque existe mais de uma sociedade em diferentes disposições. É fluída, como diria o pensador polonês, Zygmunt Bauman, porque lida com uma inconsistente relação com os valores, normas, virtudes e possíveis “certezas” que regiam ou regem ainda as pessoas. Portanto, pensar o homem social do século XXI tem desafios, e isso começa pelo entendimento do próprio homem, visto que vivemos em um tempo de grande avanço tecnológico em diversos campos, mas ao mesmo tempo, vemos um atrito entre as novas forças plurais e as tradicionais formas de pensar a sociedade.

      Aristóteles, um dos mais importantes filósofos da história, entendia que o homem social e político é indissociável, ele chama o homem de zoonpolitikon, que quer dizer “animal político”, ou seja, nós somos naturalmente voltados a vida em sociedade, e viver em sociedade implica viver politicamente. Para ele, a vida social é uma vida política e central para cada pessoal. Pensar vida social sem política, ou mesmo, sem participação política para o Aristóteles seria impensável!

    Ao mesmo tempo que pensamos sociedade e política como algo natural, as discussões sobre sociedade e política seguem na Idade Média, porém, no Renascimento a partir de Maquiavel e mais especialmente na Modernidade com os contratualistas, compreende-se que o homem social e político se tornam chave para entender o próprio mundo composto, como uma realidade artificial, criada pelo homem e que mereceria atenção. Deixamos um Estado da Natureza, período que antecede o homem civil, e por necessidades diferentes, conforme perspectiva de cada teórico, surge o Contrato Social, que dá origem a sociedade civil e funda a política. A partir desse momento, todos nós, deixamos de lado qualquer plena liberdade e atribuímos ao Estado o papel de reger nossos direitos e deveres naturais ou positivos. Desde então, o homem social e político volta ao cerne das discussões filosóficas, pois deixamos de olhar para política e para a sociedade como “acaso” ou “vontade divina” e vemos algo racional a constituir e debater.

    Falando especificamente de nosso tempo, podemos notar que urge uma necessidade de voltarmos esse olhar cuidadoso para o homem político-social, verificar que atravessamos um período de rupturas e reviravoltas em diversos âmbitos. Retorna o perigo do autoritarismo, de forças que engendram agendas que não querem as novas compreensões sociais. Que negam ou se opõe a agendas ambientais e que desfazem de algumas virtuosas conquistas trazidas pelo progresso científico e humano. Estamos lidando muitas vezes com a vivência de 3 ou 4 gerações bem distintas, em um mesmo espaço encontramos pessoas remanescentes da geração Baby Boomer, seguidos da geração X, dos millenials e claro, a geração Z. Esse contato é também um dilema, pois gera um conflito de gerações, seja no âmbito social, político, tecnológico, ético ou mesmo ambiental.

    A filosofia está atenta a esses acontecimentos, na verdade, ela é aquela que de antemão se preocupa em falar desse homem político-social em suas relações diversas. Com a filosofia, voltamos o nosso olhar além da superfície e podemos compreender com mais profundidade, através de caminhos já trilhados pelos filósofos ao longo da história, ou mesmo para as novas teses que surgem.

Por: Danilo Reis

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

A Face de Deus aos homens

Quando se aproxima o advento Natalino, mesmo em um mundo tão indiferente e relativista, os olhos de muitos se apressam para olhar ainda que por curiosidade, se a face do menino-Deus ainda poderia falar-nos. Poderia pensar no mundo como o conjunto de faces que tentam no alento esperançoso, mirar por um instante aquele leito onde repousava o recém chegado, buscando nem que seja encontrar para si, o próprio repouso. 

A manjedoura permite-nos anualmente renovar algumas certezas que o ano trata de nos incentivar a esquecer sob muitas faces, e no último ano, pudemos ver novamente a ascensão de faces transmutadas, faces desumanizadas, faces aterrorizadas com a guerra, com a rivalidade; faces divididas pela lacuna política; faces concretizando certezas sob o relativismo de ações inócuas e egocêntricas; faces maquiadas como cedro de identidade nacional, mas que expõe o autoritarismo intolerante e segregador. O mundo de faces, encontra no evidenciar das fronteiras culturais, partidárias, econômicas, religiosasraciais, sexistas e afins, o suposto refúgio que traz uma falsa segurança. Inseridos em um cenário onde pouco repouso encontramos, onde nossa própria face está em questão, recorda-nos a sacra escritura quando Jacó, em um momento que iniciou-se com a angústia, pôde ele, ver a face de Deus no lugar o qual chamou de Peniel (Gêneses 32:30), encontrando ali, salvação. Ainda nas escrituras podemos ver o Salmista em um clamor: "Faze-nos voltar, ó Deus, e faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos." (Salmos 80:3), pedindo para que o Senhor Deus resplandecesse a sua face para que trouxesse salvação. A face de Deus, a face do Sagrado, a face do Criador, nas escrituras direciona-nos à própria salvação, ao caminho do repouso salvívico. Porém, especificamente nos textos selecionados, tanto o patriarca, quanto o salmista estavam diante de situações adversas, o mundo para eles não parecia ir nada bem, o medo, a insegurança etc., e coube a sinceridade de aproximar-se em oração e reconhecer ali, em Deus, o repouso na salvação. 

A mensagem da manjedoura é ricamente desafiadora, e ao mesmo tempo animadora e acolhedora, pois, aproximar-se significa estar diante daquele que nos conhece. É estar diante da face que todo e qualquer ser humano tem (Gêneses 1:26), é lembrar que as faces se encontram em uma Face. Entretanto, qual face nos mostra a manjedoura? Ela alenta-nos a alma cansada de um mundo que prefere não ver o seu semelhante como tal, construindo muros, dividindo, desfazendo relações, apontando inimigos, conflitos e guerras. Ela nos apresenta a face de Deus, a face humilde do Criador que tornou-se homem. Ela rompe a maior fronteira que poderia existir, Deus e homem, Criador e criatura. Nela, na manjedoura, o homem pode ver que somos não povos, mas povo; não faces, mas face; não estrangeiros, mas semelhantes; não fronteiras, mas um mesmo terreno, o sagrado terreno do amor de Deus que nos traz salvação e repouso. 

Que Deus relembre-nos sempre mais que a sua face nos dá salvação e nos conduz ao repouso de nossas almas, e que possamos lembrar que o outro, o nosso semelhante também pode ser visto na face do menino-Deus e que a paz possa recair sobre a terra em todos os seus mais remotos cantos (Lucas 2:14).

Por: Danilo Reis
(Teólogo e Filósofo)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Um Natal de Refúgio para refugiados

Diz o salmista “SENHOR, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. ” [1], e assim iniciamos esse texto nesse período de natividade. A palavra refúgio não aparece à toa, pois cabe a essa celebração cristã, reviver, relembrar e revigorar na alma de cada um, que antes de tudo, de geração em geração, o Senhor tem sido refúgio.

            Por mais que distante esteja o homem de si, do outro e especialmente, aparentemente da manjedoura, mais uma vez chegamos a lembrança perene de que “EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco. ” [2], o Deus-menino nasceu, e nasceu numa região tão conhecida de todos nós, tão falada por questões sanguinárias e violentas, conflitos e mais conflitos que permeiam a Oriente Médio. Mais uma vez, nossas atenções estão voltadas para lá com o medo permanente de guerra, porém, a pausa para pensar no Príncipe da Paz[3] reascende nesses dias natalinos. No período de seu nascimento, eis que o povo israelita era subjugado pelos romanos, sem liberdade, sujeitos as leias romanas, privados de muito do que é desejado por diversos povos, o desejo de serem donos de seus destinos. Poderíamos pensar como hoje, quantos povos daquela região estão em situação semelhante, quantos se encontram refugiados, expatriados, forçados a deixar suas casas por medo da violência que os acomete. Conforme os textos sagrados, foram um tanto dessas experiências que sentiram José e Maria, por sinal, os mesmos precisaram pouco tempo depois do nascimento de Jesus, deixar sua terra e refugiar-se no Egito, pois perseguidos seriam por conta da criança em terras da Judeia.

            Um cenário breve foi traçado para que voltemos ao mistério descrito desde o início, o Senhor tem sido nosso refúgio! Refúgio é buscar abrigo, é buscar também uma fuga, buscar fugir, buscar asilo e segurança. Todas essas significâncias expostas transcende a mínima causa de cada indivíduo, pois o Senhor tem sido nosso refúgio! Na manjedoura habitou em refúgio humano, o Refúgio de todo homem e mulher; no Cristo habitado em carne figura o Deus-menino. Deus fez-se carne e habitou entre nós[4], habitou em nossos braços, braços de sua criação, porém o refúgio é na verdade a busca, não que o homem pudesse lhe trazer refúgio, mas que ele veio em busca do homem, o Refúgio veio ao homem quando este não mais podia ir para Ele. Transcendeu o tempo e o espaço e veio buscar-nos para colocar-nos em seu refúgio. Ele veio em um tempo de fuga, de escape do jugo romano, veio e pequeno foi refugiado pela terra, compartilhando das dores de um fugitivo, errante e violentado em sua própria terra. Esse parecer nos atesta o que tanto vemos em nosso mundo hoje, um mundo de refugiados, expatriados, fugitivos de seus lares, sem teto, sem pátria, sem ter para onde ir, assim vemos muitos povos. Sem contar que fugimos também em busca do refúgio da dignidade humana, da fraternidade humana, da própria humanidade como um todo que longe está de si mesma, cada homem em sua fuga particular, busca o refúgio peculiar para si.

Eis que vos anuncio hoje mais uma vez, a certeza que retumba a mais de dois mil anos com o advento natalino, com a vinda do Senhor, aquele que experimentou o que é ser refugiado, mas que antecede o tempo e espaço e como dissemos no início através do salmista, o Senhor tem sido o nosso refúgio! Acheguemo-nos a manjedoura mais uma vez, contemplemos a nossa Salvação, contemplemos a nossa Redenção, contemplemos o fim de nossas fugas internas e nosso Refúgio aos males externos. Assim tem sido, nosso Senhor de geração em geração, chama a todos os homens, de todos os cantos para refugiar-se nEle, na graça trazida realçada pela manjedoura que acalenta e nos traz esperança e nos conduz a mesma sorte, a sermos porta-vozes para tantos que buscam abrigo e refúgio.

Danilo Reis


[1] Salmo 90:1
[2] Mateus 1:23
[3] Isaías 9:6
[4] João 1:14

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Um pequeno poema

"Pelos dias de dores
Ainda uma centelha se vê
Através do meio da estrada
A permanência em pé no percurso do rio." (Desconhecido)

            Estes dias eu simplesmente ouvi um curto verso de um velho poema de uma terra distante, de tempos antigos em um mundo imaginário, ao menos é o que eles dizem, é o que tantos dizem. Através destes versos, com palavras que poderiam soar como um conto de fadas, um mistério escondido, ao qual não é um segredo, e onde algumas coisas profundas foram mostradas a mim.

            Eu gosto do caminho da poesia, é tão claro, delicado, escondido e em formatos raros de falar. Quando versos tocam, é semelhante ao jeito que a chuva toca a terra seca, traz um frescor, uma profunda manifestação de renovo em nossas almas.


            As palavras têm poder, tremendamente profundas para todos nós, não é acaso que nós somos tão contagiados e envolvidos pelas palavras lançadas por outros ou por nós mesmos.

Por: Danilo Reis

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O Natal e nossas supostas verdades - in testimonium veritatis

Em nossos dias, como o nascimento de um menino a mais de dois mil anos atrás, em uma terra servil do império romano, filho de uma jovem judia e de um jovem carpiteiro judeu, poderia ter alguma significância? Qual é a importância desse evento para a cristandade? Qual seria a importância para a humanidade em si?

            Estamos tão cheios de verdades espalhadas pelo mundo, verdades essas construidas muitas vezes sobre alicerces contestáveis, fundamentos vacilantes, e que muitos aderem sem perceber se há alguma lógica, ou se realmente esses fundamentos podem ser posto a prova de uma observação minuciosa e imparcial. Talvez, uma das maiores dificuldades de hoje, seja a certeza, mas não qualquer certeza, estamos falando das “nossas” certezas, isto é, aquelas verdades que não abrimos mão por nada, e que nem sequer ousamos incomodá-la, ou investigá-la. E por não nos darmos a esse trabalho, as nossas vontades imperam em comum acordo com o egoísmo explicitado cada vez mais em nossa sociedade. Por isso, mais uma vez neste período natalino, se propõe observar essa história crida como verdade por milhões no mundo, e que nos põe em questionamento de nossas convicções e verdades.

            Estamos falando de um relato ocorrido há milênios atrás, mas que ainda assim nos impacta ou pode nos impactar de alguma forma. Pensemos um pouco, que sentido faz dar crédito a uma história tão longínqua, mas ao mesmo tempo tão contemporânea. São Lucas nos narra o nascimento do menino que conforme a tradição e credo de milhares, viera a ser o Salvador do mundo. Ele no segundo capítulo do evangelho, releta sobre uma jovem judia que carregava consigo um bebê e estava em tempos para parir, o que de fato sucedeu. O que há de extravagante nisso? A princípio nada, em consequência, tudo!

            Um grupo de pastores estavam no campo e foram surpreendidos por anjos sobre o nascimento do Salvador. Eles possivelmente já ouviram falar de anjos e coisas sobrenaturais, porém aquilo estava acontecendo com eles, simples pastores. As suas verdades possivelmente não passavam de: ovelhas, campo, gramas, leite, lã e coisas de camponeses. Possivelmente tinham verdades culturais e certezas construidas a partir do senso comum as quais eles, talvez, nunca se deram o trabalho de investigar ou questionar. Desta vez, um anjo aparecera para eles e poria a prova suas crenças. Assim diz o texto:

“Mas o anjo lhes disse, ‘Não tenham medo, pois, eu proclamo a vocês boas novas e grande alegria que será para todas as pessoas: hoje um Salvador, que é o Messias do Senhor, nasceu para vocês na cidade de Davi. Este será um sinal para vocês: vocês acharão um bebê envolto em confortável roupa e deitado em uma calha de alimentação.’” (Lucas 2:10 – 12)

O anjo não só anunciou o que ocorrera, como indicou qual caminho tomar para reconhecer o seu dito e comprová-lo. E assim sucedeu, os pastores se guiaram conforme havia dito o anjo e chegaram até o local onde estava o Deus menino. Suas convicções foram testadas e após investigarem, comprovadas.

            A mensagem da manjedoura nos pede para que por alguns instantes, deixemos de lado nossas “verdades”, ou nossos afazeres, nossa zona de conforto, e de convicções muitas vezes não investigadas ou contestadas. Ela pede para que ouçamos o que tem as nos dizer o anjo, e vejamos com os nossos próprios olhos o explendor do Salvador, que opta para que venhamos por nós mesmos contemplar o seu rosto humanizado. A manjedoura não é um local oculto, qualquer um pode chegar-se à ela, pode contemplar a face de Deus. Toda e qualquer pessoa, do menor ao maior, sejam pastores, ou reis; sejam faxineiros ou empresários bem sucedidos, tudo o que precisamos é nos dispor a irmos vê-la, investigá-la, provar por nós mesmos o que se tem dito ao longo desses séculos através da cristandade, com o coração aberto a rever nossas “verdades”. O convite a visitá-la acontece repetidamente, diariamente, e o Natal nos lembra com mais força desse convite feito pelo anjo que anunciou aos pastores de Belém, o nascimento do Salvador, que não teme em se mostrar em simplicidade. A manjedoura nos lembra que nossos extremismos, cheio de supostas verdades egoístas, sejam elas políticas, religiosas, dogmáticas, ideológicas, só nos excluem do que é dado universalmente ao homem, isto é, o Deus menino, o Salvador.


           Que Deus em sua infinita misericórdia possa nos guiar diariamente para longe de nossas prepotentes ideias e nos aproxime com humildade e sede de verdade para a manjedoura, onde Ele, o próprio Deus, tornou-se homem para que todos, através do menino Jesus, possam vê-lo e prová-lo.

Por: Danilo Reis