Bem-Vindo - Welcome - Bienvenido - Bienvenue - Benvenuti - Willkommen

Pretendo caro leitor compartilhar aqui alguns passatempos e reflexões que se apoderam nessa peregrinação de nossa temporalidade. Seja sobre Deus; seja sobre o homem; seja sobre a poesia e as artes; ou mesmo sobre meras bobagens. Desejando que não sejam meras palavras (flatus vocis), mas que tais palavras de certa forma adentrem além da superfície dos seus olhos e quem sabe chegar a sua alma.

A vós poetas e artistas, pensadores e leigos, sintam-se a vontade esse espaço é vosso também.

domingo, 31 de outubro de 2010

Descarto essa Geração!

Geração da informação! Geração do futuro! Geração de mudanças! Etc... ouço muitas vezes por aí, mas como dizem "Est modus in rebus", eu descarto essa geração! Eu não vejo de maneira alguma uma geração crítica propriamente dita, naquilo que está enraizado ante o criticar seja na depreciação de algo ou na construção de algo.

Para não ser um pessimista ao extremo, lanço um pouco do meu otimismo e digo uma grande parcela dessa geração já está perdida, em todos os aspectos: percepção política; cosmovisão; vazia de significados e significantes; desconstrutora de valores e desconhecedora do que é Ética etc... Apontando mais um pouco do meu rojão sobre nossa geração, acuso-os de Hipócritas do Relativismo!!! Sim, hipócritas, pois usam deliberadamente essa concepção de Relativo em quase todos os seus argumentos justificadores de suas atitudes, contudo é certamente impossível vivermos em um mundo onde "tudo é relativo". Eu não quero ser dramático, mas já o sendo, veja a sua volta, encontre alguém no qual possa dizer - que pessoa distinta! E olhe que dentro das igrejas isso pode ser algo ainda mais grave do que na babilônia, ou a babilônia já está na igreja e vice-versa.

Se há alguma crítica feita por essa geração, a maioria é levada pela facilidade do que é falar contrário a algo, ou também por impulso alheio, mera repetição sem reflexão é como um grito organizado de uma torcida de futebol - queremos mudança e blá blá blá... Falta conteúdo, falta caráter crítico, falta relevância concreta!

Finalizando, consigo ver alguns exemplos interessantes como os de milhares de jovens franceses que saem as ruas sempre que intentam mexer em seus direitos - Viva le France! Acho que deve ser coisa de DNA Francês, o pensar! Mas até eles têm seus podres.

Por fim finalizo deixando a frase de um Crítico de verdade do seu tempo Gandhi:
"Seja a mudança que você espera do mundo."

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Eu e Tu x Eu e Isto: Uma crise de Humanidade

Depois de ler um capítulo da obra "Eu e Tu" de Martin Buber, não pude compreender mais o mundo da mesma forma que antes. Eu não quero de maneira alguma citar ponto a ponto os problemas de nossa contemporaneidade, mas um especificamente precisa ser notado, somos uma sociedade de “Istos”.

Uma verdade muito nítida trazida pelo autor Martin Buber é que qualquer relação se dá entre um Eu e um Tu, ou um Eu e um Isto. O melhor é olharmos para o âmago da questão sendo que, qualquer coisa que é Tu não pode ser Isto, mas qualquer coisa que é Isto pode ser (ainda que subliminarmente) um Tu, um Tu que é lançado no inconsciente dessa sociedade adoentada de significados.

Posso acrescentar ainda a dificuldade existencial nesse contexto social. Não olhamos o Tu (o outro) como Tu, mas também não olhamos para o Eu, e o pior o Eu (cada indivíduo) é alienado enquanto ciente do seu Eu, e poderíamos dramaticamente dizer que vivemos num mundo de “Istos”, porque ninguém sabe mais o que é o Eu e o que é o Tu, vemos apenas Objetos, e quando (no sentido de consciência) nos tornamos objetos, ou tornamos alguém objeto, ou mesmo deixamo-nos tornar objetos, institui-se uma crise de humanidade.

Proponho um resgate do sujeito enquanto Eu e claro o Tu, e quando nos reconhecermos como Eu e da mesma forma reconhecermos o Tu (do outro) poderemos assim iniciar um processo de cura humanitária.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Grande Maestro

Na filarmônica da vida, tendemos a achar que somos capazes de tocar o instrumento por nós mesmos, tendemos a ver nossas habilidades artísticas aflorarem e ficamos orgulhosos e assim vamos caminhando construindo uma carreira sólida. Porém diante dos ditames de uma orquestra nos vemos diante de tantos outros que fazem música tão bem quanto nós mesmos, ou até melhor.

Traduzo os instrumentos como à natureza (que é transformada e mudada pelo homem); o homem que toca (claro somos nós); a música que sai é o resultado dessa vivência entre o homem e o orbe o qual vivemos e apresento, portanto agora minha "defesa".

Obs. Está escrito que Deus não precisa ser defendido, portanto só me coloco como instrumento de sua glória e deixo a própria Majestade e Soberania dele falar por mim.

Nesse concerto, chamado vida. A uns taxamos de bons e ruins, e assim vamos julgar essas obras de todos a nossa volta, pouquíssimas vezes, digo raramente olhamos para nossa própria "música". Onde está Deus? Bem, Deus está onde nenhum outro poderia estar. Deus é o Maestro dessa filarmônica e ordena a todos os homens, instrumentos e a música a tocar (isso é Soberania). Deus (Maestro) conhece a sua obra, e já tem tudo estabelecido antes da apresentação, porém o mesmo dotou cada um conforme sua habilidade para seguir e tocar os instrumentos que te servem e você tem aptidão. Assim você toca conforme a nota que ele estipulou, ou melhor, deveria ser assim.

Por que digo isso? Porque na verdade só lembramos que há um Maestro, quando olhamos para cima do pedestal e vemos que há alguém regendo (Dominum orbe est!), e só mediante a vontande Dele (Deus/Maestro) podemos então tocar a sinfonia correta, por nós mesmos só tocaremos o que podemos e com certeza entoará diferente dos demais... Só fixados no Maestro temos a certeza de estarmos tocando conforme a sabedoria eterna do mesmo.

Onde chegamos com isso? Bem, se te pões a altura do Maestro, terás que provar ser melhor que ele!

Do Passado, Presente e Futuro

O que foi já foi e não pode ser mais, a não ser que o ressuscitemos no presente através da memória que nos permite isso, mas claro que não poderia trazê-lo de forma perfeita, e o passado é tão complicado assim porque nesse exato momento o que disse antes dessa exata palavra já é passado, mas que volta a ser presente quando a leio novamente. Daí o presente é o que há de mais efêmero das efemeridades, porque o seu instante é o mais rápido e não posso determiná-lo ou apreendê-lo, porque logo se foi, compreendes o que digo caro leitor? O futuro já é especulação, prospecção, projeção, chame-o como quiseres, e mais adiante verás se foi como pensastes ou se deu doutra forma, o que importa é que não podemos domá-lo, nos foge a capacidade de certezas matemáticas de saber como será o instante seguinte. Disse o mestre judeu “o que sabeis vós do amanhã, porque planejam se não podes nem acrescentar um fio branco a sua cabeça?” Querelas do tempo, isso me fascina.
                                                               (Peregrino da alvorada)

"Quando eu era menino"

"Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino." I Coríntios 13.11.

Me vem esse texto a cabeça, por que será? Ainda mais que quando olho o texto no qual esse verso especifico está inserido, é justamente aquele que mais me cativa e atrai, como é também o que mais demonstra minha diária hipocrisia. 

É ao olhar esse texto neste exato momento que me percebo diante do dilema proposto pelo Apóstolo Paulo. Primeiro ele discorre poeticamente sobre o Amor e aí escreve esse verso e por fim fala como que em enigma sobre vermos face a face o que é Perfeito. E o que isso tem haver caro leitor? Olhando mais fundo nas palavras desse capítulo ímpar da bíblia vemos o amor ser entoado, e Paulo fala que tudo é em "parte" até que seja aniquilado quando vier o perfeito. 

Mas ser criança se é em "parte" em tudo, daí falar como menino, sentir como menino e discorrer como menino é em parte; é frágil; é suscetível a mudanças; é pequeno e fragilizado precisando de auxílio. Não entende sozinho, não é compreendido completamente; sente de forma inconstante, chora sem motivos importantes e sorri sem motivos importantes... Claro não estou depreciando o jeito de ser criança e nem o Apóstolo, pois Jesus orienta-nos a sermos como elas, porém sermos como elas naquele sentido que Jesus queria é como dependentes. Já aqui na visão do Apóstolo - acabar com as coisas de menino, é de extrema importância na continuidade da Fé, do Amor e da Esperança.

Concluindo caro leitor, o Apóstolo aponta para a necessidade de crescermos, crescermos como homens e mulheres que são maduros no Amor cristão, na Fé cristã, na Esperança cristã. Encarar a realidade humana como gente grande, porque é visivelmente escrito nos versos anteriores que a proposta é Séria onde não há tempo para meninisses e assim estaremos prontos para sem enigmas vermos a Deus o Perfeito.

Deus misterium est!

Você assim como eu já pensou ou pensa como podemos conceber Deus, quem ele? Como ele é? Qual é sua essência? Etc... Mas o que podemos realmente saber sobre dele?
A primeira resposta seria talvez - a natureza reflete o Criador! Como disse o Apóstolo Paulo; ou então - a bíblia esclarece-nos quem ele é e como se relacionar com ele. Bem, digamos que não discordarei dessas duas premissas, todavia Deus ser compreendido pela criação, venhamos e convenhamos que isso não é possível. Da natureza tiramos apenas partículas ou centelhas do que o Criador deixou de si e de seus atributos. E quanto a bíblia? Bem, a bíblia creio eu fora inspirada por Deus através dos homens e por isso mesmo, por ter o homem no meio da conversa como veículo, enxergo que ela não pode nos dar a real clareza de quem Deus é.

Por isso o título do tópico leva esse nome "Deus misterium Est" (Deus é mistério). Deus é mistério, ainda que não em absoluto mistério, ele continua a ser mistério. A palavra mistério derivada de Misterium vem de uma outra palavra dada aos místicos que significa "fechar os olhos e as bocas até ouvir o silêncio". E pegando esse contexto de mistério, compreendo que Deus só se tornará acessível quando nada externo a nós tente nos induzir a Ele, mas sim quando tudo que é interno a nós através da fé, nesse instante, Deus por si mesmo entra em contato conosco, lembrando é tudo possível por Ele, inclusive o acesso a Ele.


Olhando para o Cristo, vejo ali o "misterium tremendum" que transcendeu todo o incompreensível e misterioso de Deus, dando-nos um acesso perpétuo. Porém lembro-te "até o vermos face a face" I Cor. 13:12, ainda o veremos só por reflexo.