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Pretendo caro leitor compartilhar aqui alguns passatempos e reflexões que se apoderam nessa peregrinação de nossa temporalidade. Seja sobre Deus; seja sobre o homem; seja sobre a poesia e as artes; ou mesmo sobre meras bobagens. Desejando que não sejam meras palavras (flatus vocis), mas que tais palavras de certa forma adentrem além da superfície dos seus olhos e quem sabe chegar a sua alma.

A vós poetas e artistas, pensadores e leigos, sintam-se a vontade esse espaço é vosso também.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Spes Hominum – Esperança da Humanidade

Nestes dias tão corriqueiros para muitos, tão repetitivo para outros, tão formal e cheio de cerimonias para tantos, ainda se faz possível apresentar algo novo nestes dias de Natal.
            Como pode isto ter acontecido? Como pode ser tão grande amor? Como podemos ainda perceber depois de mais de dois mil anos, tamanha manifestação que ultrapassa os séculos? Por que ainda hoje esta mensagem é aquela que abrilhanta a vida daqueles que se deixam vislumbrar o Deus-menino na manjedoura? Essas perguntas podem nos apresentar diversas possibilidades de respostas, mas todas elas não podem deixar de passar pela manjedoura, pois é a partir dela que passamos a questionar a possibilidade de aprendermos sobre a Graça!

            No santo evangelho de Lucas (Lucam 2: 25 – 32) diz:  
     
25 Et ecce homo erat in Ierusalem, cui nomen Simeon, et homo iste iustus et timoratus, exspectans consolationem Israel, et Spiritus Sanctus erat super eum; 26 et responsum acceperat ab Spiritu Sancto non visurum se mortem nisi prius videret Christum Domini. 27 Et venit in Spiritu in templum. Et cum inducerent puerum Iesum parentes eius, ut facerent secundum consuetudinem legis pro eo,  28 et ipse accepit eum in ulnas suas et benedixit Deum et dixit: 29 “Nunc dimittis servum tuum, Domine, secundum verbum tuum in pace, 30 quia viderunt oculi mei salutare tuum, 31 quod parasti ante faciem omnium populorum, 32 lumen ad revelationem gentium et gloriam plebis tuae Israel ”.

O texto sagrado nos apresenta o homem justo, Simeão, que pôde em seus últimos dias de vida ter um encontro com o Deus-menino. Movido pela esperança, esperança essa oriunda daquele que é Eterno, e que eternamente anunciou que Simeão não morreria antes de ver a Esperança (Spe) encarnada. Este homem justo, não justo devido à uma apreciação da justiça humana, ou devoto pelo fardo que tornara execrável a ritualística religiosa, este homem é cotado como justo e devoto, pois nele podemos encontrar a simplicidade requisitada aqueles que creem. Simeão é uma símbolo de como a todo homem de boa fé se faz possível enxergar o Cristo repousado na manjedoura, a salvação, a luz para revelação gentílica e a glória para o povo de Israel.

            Somos impelidos a ouvir mais uma vez da Terra Santa para cristãos, judeus e mulçumanos, onde a cada ano somos levados a refletir sobre o acontecimento de Belém. A esperança do mundo fez-se homem na figura de um menino, na figura de uma criatura, e como ficamos admirados com tamanha ousadia e bondade de Deus, apresentar-se assim, fragilmente e dependente. Então não seria essa a proposta da esperança que se renova no Natal, a de apresentar-se mais de perto a humanidade na fragilidade de uma criança, na dependência de um bebê, mas que ao mesmo tempo, se renova a todos aqueles que podem contemplá-la, a própria ideia de esperança? Percebamos algo mais intimamente. Simeão notou essa proposta, ele idoso, nos dias últimos de sua vida, sem mais expectativas, fora renovado pela esperança de contemplar a face de Deus! Sua expectativa, ou seja, estar a espera de, cumpriu-se e vimos o anúncio pronunciado em suas palavras:

“Nunc dimittis servum tuum, Domine, secundum verbum tuum in pace, 30 quia viderunt oculi mei salutare tuum, 31 quod parasti ante faciem omnium populorum, 32 lumen ad revelationem gentium et gloriam plebis tuae Israel.”

As palavras de Simeão anuniaram ainda coisas em que devemos nos atentar, atentar para a salvação que a todos é propiciada, que a todos é agraciada e presenteada, a Salvação que chegou na cidade de Davi. Nos diz também, que a salvação não era exclusiva de um povo, rompendo assim, toda e qualquer arrogância que pudesse existir, e como ainda nos toca essa necessidade de compreensão, onde vemos países ostentarem o baluarte de exclusividade que alimenta a prepotência, o preconceito, o ódio, a xenofobia, a guerra, entre outros. A luz salvívica atinge agora a todos os povos, a todas as nações, a cada sujeito independente de sua origem étnica, ou condição social, a luz veio ao mundo e habitou entre nós.

A esperança que movera este simples homem deve ser o símbolo exemplar de como podemos esperar com grande alegria para vermos a face de Deus, de como somos guiados ao Deus-menino se atentos estivermos a justiça e temor de Deus. A esperança que estrapola a mundanidade e se aconchega aos corações sinceros e de boa fé, a esses corações podemos antecipar a chegada da salvação, que desfaz do tempo, abrilhanta nossa alma e nos dá motivos para acreditar que a chegada do Emanuel (Deus conosco), trouxe o homem novamente ao contato com a eternidade, por isso a esperança que se espera da manjedoura não é uma esperança perecível, mas que nos possibilita, mesmo em um mundo repleto de dores, manifestadas na alma do homem e também em sua carne, das formas mais crueis que podem existir, uma esperança perene trazida dos céus, que nos permite seguir com júbilo e alegria.

Danilo Reis 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Brevíssimo comentário sobre: O primado da verdade na vida por Joseph Ratzinger

“O primado da verdade na vida.

Ao longo do meu caminho espiritual, senti muito intensamente o problema de saber se, no fundo, não é presunção dizer que podemos conhecer a verdade, em virtude de todas as nossas limitações. Também me interroguei até que ponto não seria talvez melhor pôr essa categoria em segundo plano. Ao aprofundar essa questão, pude observar, e também compreender, que a renúncia à verdade não resolve nada: pelo contrário, conduz à ditadura da arbitrariedade. Tudo o que resta só pode então ser decidido por nós e é substituível. O homem perde a dignidade quando não é capaz de conhecer a verdade, quando tudo não passa de produto de uma decisão individual ou coletiva.
Assim, vi como é importante que não se perca o conceito de verdade, mas permaneça como categoria central, não obstante as ameaças e os riscos que sem dúvida envolve. Como exigência que nos é feita, não nos dá direitos, mas, pelo contrário, requer a nossa humildade e a nossa obediência, como também nos pode pôr no caminho daquilo que é comum a todos os homens. A partir de um longo confronto com a situação espiritual em que nos encontramos, este primado da verdade foi lentamente tornando-se visível para mim; como disse, não pode ser simplesmente entendido de forma abstracta, mas precisa estar envolvido em sabedoria.” (RATZINGER, Joseph – O primado da verdade na vida – O Sal da Terra.)

Romanos 1.25 “Pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira...”

O conceito de verdade é extremamente necessário de ser tratado diante dos paradigmas que nossa sociedade vive. Talvez mais do que nunca, a discussão sobre a Verdade seja a mais densa e profunda necessidade de nossos dias. Você já parou para pensar sobre o que seria de você caso não existissem “verdades” que lhe direcionem?

Houve um filósofo escocês, David Hume, que trouxe às querelas filosóficas a questão da verdade, mas não que quisésse falar sobre a verdade em si, porém, quis questionar a veracidade das percepções. Basicamente ele dizia que tudo que o hábito era o meio em que sustentávamos os nossos dias, como uma espécie de fé, por exemplo, acreditar na certeza do nascer do sol, etc. Basicamente o quero dizer é, caso essas “certezas” fossem postas a prova, o que restaria?

Lucas 1.4 “para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído.”

A secularização nos ensina que a verdade é relativa e que não devemos tentar falar sobre verdades absolutas. Que engano! Como cristãos, temos a necessidade, o dever de embaixadores do reino dos céus de proclamar a verdade anunciada desde antiguidade, a verdade que era cantada pelos judeus como convocação para adoração “Shamah Ysrael Adonai Eloheinu, Adonai ehad” (Ouve ó Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é único). Perceba! Não é possível acreditar em duas verdades sobre o mesmo assunto, é ilógico, ou seja, crer nas verdades das sagradas escrituras ou crer nas verdades do relativismo secular.

Busquemos pois Filipenses 4.8 “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”

“Verdade e bondade

É preciso interpretar todo o contexto. Nessa frase, a bondade é entendida no sentido de uma falsa bondade, do tipo "não pretendo aborrecer-me". É uma atitude muito comum, que se verifica também, e sobretudo, no campo da política: não se quer ser impopular. Em vez de ter aborrecimentos e de os criar, prefere-se contemporizar, mesmo com o que é errado, com o que não é puro, nem verdadeiro, nem bom. Está-se disposto a comprar bem-estar, sucesso, reconhecimento público e aceitação por parte da opinião dominante, à custa da renúncia à verdade. Não quis atacar a bondade em geral. A verdade só pode ter sucesso e vencer com a bondade. Referia-me a uma caricatura da bondade que é bastante comum: que se negligencie a consciência com o pretexto da bondade, que se coloque acima da verdade a aceitação e a preocupação de evitar problemas, o comodismo, o ser bem-visto.” (RATZINGER, Joseph – O primado da verdade na vida – O Sal da Terra.)

A consciência da verdade é uma necessidade urgente e constante. No filme “kingdom of heaven” o pai diz ao filho:

“Não tenha medo ao encarar seus inimigos
Seja valente e certo para que Deus te queira
Diga sempre a verdade nem que lhe custe a vida
Proteja o indefeso e não faça nenhum mal
Esse é o teu juramento
E isso é para que não se esqueça”.

Estes conselhos e disposições são tão fortes e desafiadores que de alguma forma parece demasiada romântica para os nossos dias. Mas os dias são maus, como nunca antes os dias são maus, pois se procuras a verdade, lhe apresentam diversas, na verdade lhe propõem não creditar verdade a alguma coisa específica!

Ser cristão é ser verdadeiro, justo e buscar o que é do alto. Pretendendo encerrar com as palavras do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard:

"é uma espécie de loucura divina por amor ser incapaz de ver o mal que ocorre sob seus olhos. Em verdade, nesses dias tão sagazes, que entendem tanto da maldade, seria urgente fazer alguma coisa para aprender a honrar esse tipo de loucura; pois infelizmente hoje em dia se faz o suficiente para fazer passar por louco um tal amoroso que, entendendo tanto do bem, nada quer saber do mal." ~ Kierkegaard (As obras do amor)

Por: Danilo Reis

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Beyond of distant shore


Beyond of the distant shore
There's a place where rest endures.
A mystical calling
From ancient times

Across the distant field
May rest be for every man kind
Those whom were left
Those who are in grieve

This land where there's peace
Belongs to everyone who believes
An open door, come, you are invited to get in.

One voice, can you hear?
Spoken words of life
Turning away our fears
Beyond of the distant shore.

By: Danilo Reis