Diz o salmista “SENHOR, tu tens sido o nosso
refúgio, de geração em geração. ” [1], e
assim iniciamos esse texto nesse período de natividade. A palavra refúgio não aparece
à toa, pois cabe a essa celebração cristã, reviver, relembrar e revigorar na
alma de cada um, que antes de tudo, de geração em geração, o Senhor tem sido
refúgio.
Por mais
que distante esteja o homem de si, do outro e especialmente, aparentemente da
manjedoura, mais uma vez chegamos a lembrança perene de que “EMANUEL, Que
traduzido é: Deus conosco. ” [2], o
Deus-menino nasceu, e nasceu numa região tão conhecida de todos nós, tão falada
por questões sanguinárias e violentas, conflitos e mais conflitos que permeiam
a Oriente Médio. Mais uma vez, nossas atenções estão voltadas para lá com o
medo permanente de guerra, porém, a pausa para pensar no Príncipe da Paz[3]
reascende nesses dias natalinos. No período de seu nascimento, eis que o povo israelita
era subjugado pelos romanos, sem liberdade, sujeitos as leias romanas, privados
de muito do que é desejado por diversos povos, o desejo de serem donos de seus
destinos. Poderíamos pensar como hoje, quantos povos daquela região estão em
situação semelhante, quantos se encontram refugiados, expatriados, forçados a
deixar suas casas por medo da violência que os acomete. Conforme os textos
sagrados, foram um tanto dessas experiências que sentiram José e Maria, por
sinal, os mesmos precisaram pouco tempo depois do nascimento de Jesus, deixar sua
terra e refugiar-se no Egito, pois perseguidos seriam por conta da criança em
terras da Judeia.
Um cenário
breve foi traçado para que voltemos ao mistério descrito desde o início, o
Senhor tem sido nosso refúgio! Refúgio é buscar abrigo, é buscar também uma
fuga, buscar fugir, buscar asilo e segurança. Todas essas significâncias
expostas transcende a mínima causa de cada indivíduo, pois o Senhor tem sido
nosso refúgio! Na manjedoura habitou em refúgio humano, o Refúgio de todo homem
e mulher; no Cristo habitado em carne figura o Deus-menino. Deus fez-se carne e
habitou entre nós[4],
habitou em nossos braços, braços de sua criação, porém o refúgio é na verdade a
busca, não que o homem pudesse lhe trazer refúgio, mas que ele veio em busca do
homem, o Refúgio veio ao homem quando este não mais podia ir para Ele.
Transcendeu o tempo e o espaço e veio buscar-nos para colocar-nos em seu refúgio.
Ele veio em um tempo de fuga, de escape do jugo romano, veio e pequeno foi
refugiado pela terra, compartilhando das dores de um fugitivo, errante e
violentado em sua própria terra. Esse parecer nos atesta o que tanto vemos em
nosso mundo hoje, um mundo de refugiados, expatriados, fugitivos de seus lares,
sem teto, sem pátria, sem ter para onde ir, assim vemos muitos povos. Sem
contar que fugimos também em busca do refúgio da dignidade humana, da
fraternidade humana, da própria humanidade como um todo que longe está de si
mesma, cada homem em sua fuga particular, busca o refúgio peculiar para si.
Eis que vos anuncio hoje mais uma vez, a
certeza que retumba a mais de dois mil anos com o advento natalino, com a vinda
do Senhor, aquele que experimentou o que é ser refugiado, mas que antecede o
tempo e espaço e como dissemos no início através do salmista, o Senhor tem sido
o nosso refúgio! Acheguemo-nos a manjedoura mais uma vez, contemplemos a nossa
Salvação, contemplemos a nossa Redenção, contemplemos o fim de nossas fugas
internas e nosso Refúgio aos males externos. Assim tem sido, nosso Senhor de
geração em geração, chama a todos os homens, de todos os cantos para
refugiar-se nEle, na graça trazida realçada pela manjedoura que acalenta e nos
traz esperança e nos conduz a mesma sorte, a sermos porta-vozes para tantos que
buscam abrigo e refúgio.