Em
nossos dias, como o nascimento de um menino a mais de dois mil anos atrás, em
uma terra servil do império romano, filho de uma jovem judia e de um jovem
carpiteiro judeu, poderia ter alguma significância? Qual é a importância desse
evento para a cristandade? Qual seria a importância para a humanidade em si?
Estamos tão cheios de verdades
espalhadas pelo mundo, verdades essas construidas muitas vezes sobre alicerces
contestáveis, fundamentos vacilantes, e que muitos aderem sem perceber se há
alguma lógica, ou se realmente esses fundamentos podem ser posto a prova de uma
observação minuciosa e imparcial. Talvez, uma das maiores dificuldades de hoje,
seja a certeza, mas não qualquer certeza, estamos falando das “nossas”
certezas, isto é, aquelas verdades que não abrimos mão por nada, e que nem
sequer ousamos incomodá-la, ou investigá-la. E por não nos darmos a esse
trabalho, as nossas vontades imperam em comum acordo com o egoísmo explicitado
cada vez mais em nossa sociedade. Por isso, mais uma vez neste período
natalino, se propõe observar essa história crida como verdade por milhões no
mundo, e que nos põe em questionamento de nossas convicções e verdades.
Estamos falando de um relato
ocorrido há milênios atrás, mas que ainda assim nos impacta ou pode nos impactar
de alguma forma. Pensemos um pouco, que sentido faz dar crédito a uma história
tão longínqua, mas ao mesmo tempo tão contemporânea. São Lucas nos narra o
nascimento do menino que conforme a tradição e credo de milhares, viera a ser o
Salvador do mundo. Ele no segundo capítulo do evangelho, releta sobre uma jovem
judia que carregava consigo um bebê e estava em tempos para parir, o que de
fato sucedeu. O que há de extravagante nisso? A princípio nada, em consequência,
tudo!
Um grupo de pastores estavam no
campo e foram surpreendidos por anjos sobre o nascimento do Salvador. Eles
possivelmente já ouviram falar de anjos e coisas sobrenaturais, porém aquilo estava
acontecendo com eles, simples pastores. As suas verdades possivelmente não
passavam de: ovelhas, campo, gramas, leite, lã e coisas de camponeses.
Possivelmente tinham verdades culturais e certezas construidas a partir do senso
comum as quais eles, talvez, nunca se deram o trabalho de investigar ou
questionar. Desta vez, um anjo aparecera para eles e poria a prova suas
crenças. Assim diz o texto:
“Mas o anjo lhes
disse, ‘Não tenham medo, pois, eu proclamo a vocês boas novas e grande alegria
que será para todas as pessoas: hoje um Salvador, que é o Messias do Senhor,
nasceu para vocês na cidade de Davi. Este será um sinal para vocês: vocês
acharão um bebê envolto em confortável roupa e deitado em uma calha de
alimentação.’” (Lucas 2:10 – 12)
O
anjo não só anunciou o que ocorrera, como indicou qual caminho tomar para
reconhecer o seu dito e comprová-lo. E assim sucedeu, os pastores se guiaram
conforme havia dito o anjo e chegaram até o local onde estava o Deus menino.
Suas convicções foram testadas e após investigarem, comprovadas.
A mensagem da manjedoura nos pede
para que por alguns instantes, deixemos de lado nossas “verdades”, ou nossos
afazeres, nossa zona de conforto, e de convicções muitas vezes não investigadas
ou contestadas. Ela pede para que ouçamos o que tem as nos dizer o anjo, e
vejamos com os nossos próprios olhos o explendor do Salvador, que opta para que
venhamos por nós mesmos contemplar o seu rosto humanizado. A manjedoura não é
um local oculto, qualquer um pode chegar-se à ela, pode contemplar a face de Deus.
Toda e qualquer pessoa, do menor ao maior, sejam pastores, ou reis; sejam
faxineiros ou empresários bem sucedidos, tudo o que precisamos é nos dispor a
irmos vê-la, investigá-la, provar por nós mesmos o que se tem dito ao longo
desses séculos através da cristandade, com o coração aberto a rever nossas
“verdades”. O convite a visitá-la acontece repetidamente, diariamente, e o
Natal nos lembra com mais força desse convite feito pelo anjo que anunciou aos
pastores de Belém, o nascimento do Salvador, que não teme em se mostrar em
simplicidade. A manjedoura nos lembra que nossos extremismos, cheio de supostas
verdades egoístas, sejam elas políticas, religiosas, dogmáticas, ideológicas,
só nos excluem do que é dado universalmente ao homem, isto é, o Deus menino, o
Salvador.
Que
Deus em sua infinita misericórdia possa nos guiar diariamente para longe de
nossas prepotentes ideias e nos aproxime com humildade e sede de verdade
para a manjedoura, onde Ele, o próprio Deus, tornou-se homem para que todos,
através do menino Jesus, possam vê-lo e prová-lo.
Por: Danilo Reis
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