Quando lemos o texto citado para estabelecer uma resposta temos citações de pensadores que influenciaram suas épocas e seus pensamentos discutidos até hoje. Tal discussão já fora feita séculos anteriores a esses dos pensadores citados, Santo Agostinho (séc. IV) já falava sobre o homem como ser essencialmente bom por ter sido criado por Deus e existencialmente mal por estar afastado de Deus devido o pecado. Soren Kierkegaard pensador do século XIX tido por muitos como o pai do existencialismo fala que o homem que não conhece sua existência é um ser desesperado, logo ou ele procura compreender sua existência, ou tentaria anulá-la sem sucesso vivendo mediocremente seus dias. Para muitos existencialistas um frase poderia resumir um pouco o pensamento generalizado “Saber uma coisa é ser uma coisa” claro que na aplicação dessa reflexão fugiríamos um pouco do centro da discussão. Evocando um pouco do pensamento cristão e sua influência através da história no conceito de existência e essência temos que entender que antes de mais nada, há um criador, e esse criador diz “faça-se”, se entendemos que tal criador (Deus) é e não que passou a existir, quem passa a existir é o homem, obra criada por suas mãos. E que ao ser criado ele passa a existir naquele determinado tempo e espaço, e naquele tempo e espaço precisaria entender sua existência perante seu criador e viver sua existência.
Não podemos transpor essa existência para um por vir, quando falamos de ética teríamos então que falar de uma existência aqui e agora, pois ética e dignidade humana é para hoje, não para um por vir. Portanto olhando sob essa perspectiva humana, entendo que o ser humano é potencialmente (essência) voltado para o bem e ser digno para com todos os outros homens, respeitando, cuidando e dignificando sua convivência harmoniosamente com todos, porque todos nós somos essencialmente humanos. Já quando tratamos da existência teríamos o drama, o desespero mortal chamado pecado, aquilo que distancia-nos da essência boa que provém de Deus, e tal mal é incorporado em nossa existência que agora não mais vemos o outro como humano essencialmente e existencialmente igual a nós mesmo, essencialmente bom, mas existencialmente separado do que é bom excelentemente.
A ética entra nessa discussão com o objetivo de resgatar a igualdade humana, e a ética cristã vai além da ética comum, pois essa avança não só na igualdade humana, mas na possibilidade de um resgate (pela fé e pela práxis) da sublimação (não desaparecimento) do mal (pecado) e da afloração da essência de Deus em nós. Vemos isso na figura de Cristo Jesus, tornando-se homem não perde sua essência completa divina (por ser ele Deus), contudo vive o drama da possibilidade do pecado que é possível a todos os homens que já viveram, vivem ou viverão. Ressalvo que, Deus encarnado é Deus encarnado (ele tudo pode), ao homem cabe partículas de Deus por ser obra criada.
Entendo, porém, que a ética seja a comum, seja a cristã, tem o objetivo primário de trazer o homem de volta a sua dignidade humana.
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