Estive meditando bastante para falar sobre o
mistério do Natal, faltam alguns dias para a maior celebração Cristã em todo
mundo, pois o Menino-Deus veio habitar entre a humanidade, entre a sua criação,
por um propósito de redenção e restauração do “Imago Dei” dos homens.
O Céu é entreaberto, e ao estar exposto, vemos a
face de Deus. Mas apresenta-se um mistério grandiosíssimo, o de ver a face de
Deus. Como assim vemos a face de Deus, se está escrito que: “nunca ninguém
contemplou a face do Senhor” (João 1:18, 6:46)? A partir do mistério natalino, essa dispare
relação homem e Deus é refeita, e reformulada. Agora não mais como no Éden,
pois lá o homem ouvia do Senhor e caminhava com Deus, porém nada é dito sobre
“ver sua face”. Moisés, Isaías, João e outros personagens da história cristã,
falam de seu assombro ao estarem perante a presença do Senhor, perante o Deus
criador do céu e da terra, mesmo sem contemplar a sua face. Entretanto, a
partir do mistério natalino a face de Deus nos é revelada, pois, “tornou-se
homem e habitou entre nós” (João 1:14). Deus tornou-se homem, isto é, a criança
nascida em Belém nos é o próprio Emanuel (Deus conosco), e a partir desta
“criança” temos enfim o céu revelado, retirado então o véu que cobria a face de
Deus, podemos contemplá-la na figura de Jesus Cristo, Deus feito homem.
Não
estamos falando de uma proposta repetida, não se fala no natal de algo comum e
corriqueiro, porque tirando o nascimento de uma criança, e isso nós temos a
todo instante, o que há, é justamente o nascimento daquele que tudo fez, aquele
que doa a vida, agora deixa-se ser doado aos homens. A face de Deus nos é
mostrada, e na figura do bebê que chegou, todas as pessoas do mundo são reatadas
no caminho de Belém, no caminho que leva a face de Deus. E o que se vê diante
dessa face infante? Os anjos anunciaram “Deus”, os pastores “o Salvador”, os
magos “o Deus-Rei”, e a cada um de nós, aparentemente é nos dada a chance de
contemplar em uma subjetividade, aquilo que lhe parece a face de Deus. Mas é
evidente que isto é possível, pois este bebê veio para cada homem e mulher em
particular, porque o seu nascimento anuncia a salvação e redenção partilhada a
todos que se achegam a manjedoura. Nada é requisitado para achegar-se à manjedoura
e vislumbrar a face de Deus, era o seu desejo, por isso tornou-se homem, e
ainda é o seu desejo, que cada homem e mulher, independente de onde esteja, e
de quem seja, achegue-se à manjedoura para contemplar a sua face.
Vivemos em um tempo onde muitos
dizem saber como é a face de Deus, muitos propõem conhecer a face de Deus e
apontam caminhos diversos para esta tal suposta face. Podemos pensar que, do muito que se é dito sobre esta face, aquele caminho que mais parece seguro de
ser seguido é, o caminho para Belém. Ali fora anunciado que um menino nos
nasceria, e que as atribuições deste menino seriam a do próprio Deus, sendo ele
“Maravilho Conselheiro, Deus forte, Príncipe da Paz, Pai da Eternidade” (Isaías 9:6). O caminho para Belém nos leva de encontro com a face de Deus, sem
indiferença, sem resitência, sem restrições ou determinações de como se achegar
a ela; não se pede presente, não se pede boas roupas, não é requisitado ser
rico ou pobre, negro ou branco, apenas uma convocação que os anjos alegremente entoaram
“Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens” (Lucas 2:14), um anuncio que entoa, toca e acolhe a todos que de alguma forma
se permitem ouvir esse chamado, o chamado para contemplar o bebê de Belém, e
vendo-o, vermos assim, a face de Deus.
Por: Danilo Reis
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