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Pretendo caro leitor compartilhar aqui alguns passatempos e reflexões que se apoderam nessa peregrinação de nossa temporalidade. Seja sobre Deus; seja sobre o homem; seja sobre a poesia e as artes; ou mesmo sobre meras bobagens. Desejando que não sejam meras palavras (flatus vocis), mas que tais palavras de certa forma adentrem além da superfície dos seus olhos e quem sabe chegar a sua alma.

A vós poetas e artistas, pensadores e leigos, sintam-se a vontade esse espaço é vosso também.

domingo, 23 de dezembro de 2012

NATAL, UM TEMPO DE CONTEMPLAR A FACE DE DEUS


Estive meditando bastante para falar sobre o mistério do Natal, faltam alguns dias para a maior celebração Cristã em todo mundo, pois o Menino-Deus veio habitar entre a humanidade, entre a sua criação, por um propósito de redenção e restauração do “Imago Dei” dos homens.

O Céu é entreaberto, e ao estar exposto, vemos a face de Deus. Mas apresenta-se um mistério grandiosíssimo, o de ver a face de Deus. Como assim vemos a face de Deus, se está escrito que: “nunca ninguém contemplou a face do Senhor” (João 1:18, 6:46)? A partir do mistério natalino, essa dispare relação homem e Deus é refeita, e reformulada. Agora não mais como no Éden, pois lá o homem ouvia do Senhor e caminhava com Deus, porém nada é dito sobre “ver sua face”. Moisés, Isaías, João e outros personagens da história cristã, falam de seu assombro ao estarem perante a presença do Senhor, perante o Deus criador do céu e da terra, mesmo sem contemplar a sua face. Entretanto, a partir do mistério natalino a face de Deus nos é revelada, pois, “tornou-se homem e habitou entre nós” (João 1:14). Deus tornou-se homem, isto é, a criança nascida em Belém nos é o próprio Emanuel (Deus conosco), e a partir desta “criança” temos enfim o céu revelado, retirado então o véu que cobria a face de Deus, podemos contemplá-la na figura de Jesus Cristo, Deus feito homem.

            Não estamos falando de uma proposta repetida, não se fala no natal de algo comum e corriqueiro, porque tirando o nascimento de uma criança, e isso nós temos a todo instante, o que há, é justamente o nascimento daquele que tudo fez, aquele que doa a vida, agora deixa-se ser doado aos homens. A face de Deus nos é mostrada, e na figura do bebê que chegou, todas as pessoas do mundo são reatadas no caminho de Belém, no caminho que leva a face de Deus. E o que se vê diante dessa face infante? Os anjos anunciaram “Deus”, os pastores “o Salvador”, os magos “o Deus-Rei”, e a cada um de nós, aparentemente é nos dada a chance de contemplar em uma subjetividade, aquilo que lhe parece a face de Deus. Mas é evidente que isto é possível, pois este bebê veio para cada homem e mulher em particular, porque o seu nascimento anuncia a salvação e redenção partilhada a todos que se achegam a manjedoura. Nada é requisitado para achegar-se à manjedoura e vislumbrar a face de Deus, era o seu desejo, por isso tornou-se homem, e ainda é o seu desejo, que cada homem e mulher, independente de onde esteja, e de quem seja, achegue-se à manjedoura para contemplar a sua face.

            Vivemos em um tempo onde muitos dizem saber como é a face de Deus, muitos propõem conhecer a face de Deus e apontam caminhos diversos para esta tal suposta face. Podemos pensar que, do muito que se é dito sobre esta face, aquele caminho que mais parece seguro de ser seguido é, o caminho para Belém. Ali fora anunciado que um menino nos nasceria, e que as atribuições deste menino seriam a do próprio Deus, sendo ele “Maravilho Conselheiro, Deus forte, Príncipe da Paz, Pai da Eternidade” (Isaías 9:6). O caminho para Belém nos leva de encontro com a face de Deus, sem indiferença, sem resitência, sem restrições ou determinações de como se achegar a ela; não se pede presente, não se pede boas roupas, não é requisitado ser rico ou pobre, negro ou branco, apenas uma convocação que os anjos alegremente entoaram “Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens” (Lucas 2:14), um anuncio que entoa, toca e acolhe a todos que de alguma forma se permitem ouvir esse chamado, o chamado para contemplar o bebê de Belém, e vendo-o, vermos assim, a face de Deus.

                                                                                                Por: Danilo Reis

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