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Pretendo caro leitor compartilhar aqui alguns passatempos e reflexões que se apoderam nessa peregrinação de nossa temporalidade. Seja sobre Deus; seja sobre o homem; seja sobre a poesia e as artes; ou mesmo sobre meras bobagens. Desejando que não sejam meras palavras (flatus vocis), mas que tais palavras de certa forma adentrem além da superfície dos seus olhos e quem sabe chegar a sua alma.

A vós poetas e artistas, pensadores e leigos, sintam-se a vontade esse espaço é vosso também.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Eu e Tu x Eu e Isto: Uma crise de Humanidade

Depois de ler um capítulo da obra "Eu e Tu" de Martin Buber, não pude compreender mais o mundo da mesma forma que antes. Eu não quero de maneira alguma citar ponto a ponto os problemas de nossa contemporaneidade, mas um especificamente precisa ser notado, somos uma sociedade de “Istos”.

Uma verdade muito nítida trazida pelo autor Martin Buber é que qualquer relação se dá entre um Eu e um Tu, ou um Eu e um Isto. O melhor é olharmos para o âmago da questão sendo que, qualquer coisa que é Tu não pode ser Isto, mas qualquer coisa que é Isto pode ser (ainda que subliminarmente) um Tu, um Tu que é lançado no inconsciente dessa sociedade adoentada de significados.

Posso acrescentar ainda a dificuldade existencial nesse contexto social. Não olhamos o Tu (o outro) como Tu, mas também não olhamos para o Eu, e o pior o Eu (cada indivíduo) é alienado enquanto ciente do seu Eu, e poderíamos dramaticamente dizer que vivemos num mundo de “Istos”, porque ninguém sabe mais o que é o Eu e o que é o Tu, vemos apenas Objetos, e quando (no sentido de consciência) nos tornamos objetos, ou tornamos alguém objeto, ou mesmo deixamo-nos tornar objetos, institui-se uma crise de humanidade.

Proponho um resgate do sujeito enquanto Eu e claro o Tu, e quando nos reconhecermos como Eu e da mesma forma reconhecermos o Tu (do outro) poderemos assim iniciar um processo de cura humanitária.

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